sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

DOBRÕES

DOBRÕES

recortes para uma história fantástica: vieram de mala e cuia.
Caraminguás, bagulhos e breguetes. Trapizungas, traquitanas e catrevagens.
—Fala que você está despeitado, fala! você está enrabichado, está incarnado nela. Fala ansim, mas quem desdenha, quer comprar, vamos: fala!...qué'de a macheza tua, porquera!
encontrados dobrões na casa, nos porões. acreditam os mais céticos que postos lá de propósito. Aventa-se a hipótese de haver documentos históricos nas ruinas douradas. Colhidas as opiniões do dr Filadelfo, homem da capital, afeito ás lides forenses, pode se reconstituir os fatos com critério.
—ha! como é triste e banal a realidade!
providencial movimento de terras veio revelar riqueza imensa, incalculavel, em dobrões de libras esterlinas, os dois donos, muito miseraveis, guardavam as moedas em perfurações de brocas e trados, nos barrotes. ligados a perseguição política: a versão se torna mais importante que a realidade, notícias envoltas em mistérios insondáveis de amores clandestinos, casos de incesto, cartas guardadas em segredo.
é verdade:
— que carneiro tem um bicho dentro da cabeça que mora lá?
—que cavalo dorme em pé?
—que cobra vem no quarto, põe o rabo na boca da criança e mama na mãe?
—acontece a simpatia: o cachorro não exonera se cruzar os dedos num
Acocho forte?
—A galinha que canta primeiro, é a dona dos ovos?
—Chico Chiquinho, montou no burrinho, burrinho peidou: Chiquinho cheirou.
—Nego quando pinta, tem mais de cento e trinta?
—Picumã de cozinha nos olhos é remédio?
—Meu nome é José Aerostrato, mas pode me chamar de Zé bundinha, que
conhece por esse apelido.
—O Zeca, muito hospitaleiro e placiano, tinha o mau costume, como os velhos, de soltar ventos. O vento, alivia quem solta, alegra quem escuta e sustenta quem cheira.
—Cobra que mama em vaca e vaca que mama nela mesma.

Documentos importantes da fundação, despertaram a atenção do historiador principal da cidade. Segredos, guardados a sete chaves, vêm a tona. Elucidação do mistério de casos de suicídio, por amores clandestinos. A história é feita de casos fantásticos sobre casos de existência banal. Convidado a manifestar se, convoca se o instituto histórico e geográfico, encontradas ruínas históricas, por acidente.

Data atual 30/07/1995 hora atual -10:14

—olha aqui, seu zaria: vamos parar com essas intimidades. Você não se enxerga? desde em quando te dei liberdades procê vim com essa prosa afiada, deatravessado: vê se para com isso, senão vou ser obrigado a te dizer uma verdades, poucas e boas, vou ter de te exemplar de relho, aí, você vai ficar com ar de quem comeu e não gostou. Vamos parar por aqui: enfia a viola no saco e desaparece, sai da minha frente, tou cansado d'ocê. Você é espelutiado de tudo.
uns inclina nos olhos, outros na remela. Vigia só o grau dele. Mingueras, tutaméia, briga por coisica de nada.

As folias, pela sua organização, denotava uma idéia escondida do embuste, do logro, impossível disfarçar a intenção velada. Como que podia ter a confiança de gente séria, um bando, colondria formada ao acaso, por sanfoneiros, violeiros, palhaços de circo de cavalinho: como que ia poder de confiar. Uma sociedade fechada, de moral religiosa, necessitando do controle dos chefes, através da igreja, mantida por eles, os coronéis caipiras, em doações e festas de barraquinha. todas, profissões vistas com desconfiança, por estimular a vadiagem, as custas do serviço, organizações bandoleiras pra ajuntar dinheiro e sair dançando dias e dias seguidos.

DIZERES
Japoronga, japecanga, saragongo, friciano, honorato, intojo, cambada, autoritario e prepotente, as veses até absoluto: ficou com pensão dos filhos, longe. Deus me livre e guarde duma tonteira dessas: crem deus padre.
Pois olha, seu doutor, o senhor num alembra do sodoso aquele, um burro calçado, estrelo, dificil de pegar no pasto?
Foram numa festa no são João, pra lá da Santa Luzia. Distrairam e o burro fugiu, num gostava de foguetório de festa. Aí, foi aquela mão de obra danada, foram achar o burro no Argeu, mais de lé gua distante, Santo Antônio, Monjolinho. Estava parado na porteira de colchete, querendo de vim s'imbora pra casa, que as de tabua, nem que fosse ao contrario, ele abria mesmo, o danado. Vocês num sabe mexer com o sodoso nem nada. Tem que por o saco em quando ele for mijar. Olha, seu doutor, o senhor nem num imagina o quanto eu gostava daquele burrinho. Sentava o relho, quando na qualheira até num poder mais e evinha dizendo que gostqva do Sodoso. Ara pois! e se num gostava, cumo que ia de ser, então? Num passava da venda, empacava e virava de fasto, nem que o cavaleiro fosse mestre e quizesse.

Ele carecia de por um paradeiro naquela vida desregrada de vadiagem, que levava. Aquela vadiação sem termo, andava só de colondria.
—Tinha que espremer o carnegão.
O barro dos terreiros, misturado com estrume e mijo das vacas em decomposição, formava poças amarelas moscas aos milhares, podia que um , se pisasse, andando descalso, naquela barreira, ia panhar mijacão. um tumor ou furunculo, pustema, ferida azangada, perebe, panarício, nascida, olho de peixe, frieiras, bernes e bicheira.
— Tem uns que inclina nos olhos, outros nas remelas. O ranho escorrendo por dois rios de carne viva, em bolhas semoventes, ao compasso da respiração.
—Não sei por que artes do Diabo foi fazer aquilo, que obrigado não foi: obrigado é pau de arrasto, daqueles de amansar burro brabo. Melhor dar com pau de dar em doido.
Por fim evinha tocando animal de qualheira, um negocinho de pouca renda, umas breganhas a-toa, a maior parte cargueiros de cangalhas de bruacas, de jacá e balaios ou selote de picuá, ou de caixão, um Gino de tal, sem eira nem beira. Num é pra me gavar não, mas de animal e carrear eu entendo.
Mula empacadeira, burro estrelo, estirador e de peito aberto, passarinheiro. Desponta ou refuga, redumão quando carece de exemplar.Manias balda, vicio, nequícia de bicho boi.Negaça. Orelhas em pé, as veses uma quebrada simulando uma duvida, curioso dalgum acontecimento.
espanta mosca da barriga com os pés detraz, faz fusquinha , morde, quando não que ser amontada. Uma orelha pra frente outra pra traz e o olhar descansado no vazio do infinito, quando termina uma cobertura. Barulho no vazio, quando truteia. Garrotilho, o krup do animal quando come milho verde, especie de tosse. Assopra, quando está com medo. Quer tirar o barbicacho.
Arriamento de animal
Bacheiro de aniagem e colchão, manta, zarreio jereba urucuiana ou Santo Antonio, ou junco. Porta Capela Cutiano, sela, silião, cangalha, bruaca, selote, cargueiro, retranca ( os proverbios: dar na cangalha pro burro entender e cagar na retranca(, barrigueira tem lático, lóro e contralático. estribos e caçamba ( junta o loro e caçamba), Um rabicho e peitoral de argola, cabeçada que prende o freio a redea de crina e o bridão pra burro mandrião. A rédea do pelo de crina do próprio animal, e a sobrechincha que prende o pelego e o colchonilho de tecido de algodão. Atraz, a capa ideal na garupa,e as baldranas e pelintras de couro curtido de bode. Laço de doze tentos, doze braças do couro duma novilha.Cavalo castanho e baio, lontra, murzelo, camurça, rosilho, com pelo de rato. Unha de fome, miserave, não abre a mão nem pra dar adeus.
Os curadores
Todo curador atende por nome de joão, acode quando chama, João Mineiro, joão Tumais, João Ribeiro que ficou de vereador por duas veses, graças aos remedios de raiz. João Ogenio, Lazinho do São Gonçalo, italgino dos catetos, Custodio do Ostaqui, Zé do aerostrato, Major Orostrato Leme. Profissão de curador é de quase todo João.
Era eu, mais dois irmão, um irmão de criação, nóis era em quatro. A vida, é só dor e sofrimento. Mais, é amolação que a gente passa. Em pequeno, eu era danado. Esse um, meu irmão de criação, tamem danado pra assombrar os outros. Tinha um tio do Caçambé, e meu tio tambem, que gostava de contar causo de assombração, quando que não estava trabalhando: Eu amarrei a mula longe, longe pra num fazer bulha nem tropel.Aí fizemos um judas de palha de arroz. Amarrei um chapéu mole na cabeça dele e suspendi na porta, da moda de um sainda pra fora, com jeito de cair pra dentro.Ele tinha um modo de atender a porta com lamparina de querozene em cima da cabeça. Nós chegamos, eu fiz uma vós diferente, pedindo pra abrir a porta: ô de casa! Ele abriu e o juda caiu na cabeça dele derrubando a lamparina.Ele ficou chutando o Juda e apavorado ele fechou a tramela. Aí a mãe gritou comigo, não da moda de ralhar com a gente, mais calmo, de medo tamem:
—Se foi ocê, que está assombrando o Joaquim Correia (rodinha), ocê pára, que tem um bicho fazendo buia dentro do forninho,capais que seje lobisomem. Aí foi que aconteceu que eu fiquei com medo tamem. Eles conta, que nessa Varge Grande, tem uma roda de fogo que sobe ribeirão acima acompanhando os cavaleiros.Ele sobe até déis metros, depois evem beirando o chão. Mais é só na coresma que ela aparece pra gente.
Já meio vortando disacursuado da vida: num era moço nem nada, carecia de assentar a cabeça.Aquilo, num era vida. Ele, num era flor que se cheire. Os dois, num era, bem dizer parente. Debaixo dum quieto, ele fazia das suas. Aquela criatura ananho, pedia ajutório em porta de igreja,ou mandava responsar. Vigia eles lá. Foi bulir com os outros que estava quieto num canto, tomou chumbo na asa. Urubu campeiro, o primeiro que descobre a carniça, por derradeiro é que os outros evem. Avoa alto, de rodia, rodiando o lugar pra mostrar pros companheiros que evem, enfia dentro do toba faz um buraco e vai comer os miudos, as paqueras primeiro. Avisa os outros e só come os olhos e o buraco bufante, eles chega até entrar dentro da carniça.
Parecia até um resmungo de maluco. Batia palma pra maluco dançar.pegou num pau de dar em doido, uma manguara.
Prestava uma atenção toda, feito coruja, o nariz alevantado, alto, como se o queixo um aparelho de escuta.
Quantos mil alqueires que ele pissoe? coisa de pasto pra muitos mil bois, invernada. O Henrique do Mirante do Pau D'Alho,distrito de Serra dos Lemes,era um homem muito determinado.
A estrada vorteando o morro, como um laço em animal,
Um homenzinho, terem terem, ponderadinho no andar, todo arcaico, do tempo de zagaia de gancho, do tempo do arco da velha: —era o gorgulho! um velhote grimo, esquisito que nem o capeta, lobisomem, que morava numa lapa, uns lugares ermos, o nome dele de verdade de Malaquias. Semelhava um garatujo, calunga preto,carranquinha de veneziana.Mesmo o trivial da idéia dele deve de ser diferente.Semelhava de por na gente um olhar agudo e trespassante,semelhado de feiticeiro. Mandriagem, madrinhado com aquela tropa de vadios. Feioso e lero, focinhado de Coatí, o nome dele de Bico Fino. Um estorvo, caducando, muito atentado, num acocho danado: num tem prele, num hai cumo que as grandezas machas duma pessoa instruida. Tentação dos quintos.

Viver, a gente veve, mais é por precisão de continuar vivendo. A gente vai vivendo como Deus é servido.
Sobrou só o arvado da bicha. Arvado é tambem olhal de foice, cavadeira.
Enxó de goivo desses de fazer colher de pau e gamela. Ja o cocho, é feito de formão goivo, depois de lavrado de machado, bruto, acabamento de formão, verruma, trado, gurpião e serra de serrar a braço. A melhor condição é serrar de cima, no estaleiro, ou no girau como se diz em política. Anda mais digeiro. Um azul, de metileno, anil, nós moscada. Catuaba, gogo e pelota as doenças de galinha. Valo e banqueta pra cercar porco. As doenças venéricas de gente: mula, fogage e flores brancas. O povo do João Macota. Cavalhada. desmanzelo e engambelar. Tento, treis tentos. Roncoio, de um grão só. Requeima de café. do feijão, quando fica abafado. Fica pernilongo quando a terra é de muita cultura. Debaixo do angu, tem caroço. Café pequeno.

Um sujeito muito exibido, aguado, muito intojado, que a gente atolera por respeito. Muito sistematico.Pregou uma peça nela. Capa porca e vaca maninha. Cicerro de madrinha de tropa.Garupa, mas de doença de ficar corcunda, selada. S apeie. Vou apiar. Garrotilho. quando o animal fica afrontado, empanzinado. Arejamento de animal. Agoamento. Anca e umbelo. Rabicó, figueira, de andadura de animal pisuado e estropiado.
Ele falava gritado demais. Lingua de trapo e espelho de tripa. Falava demais, parece que comeu língua de xanxan. Um sujeito lerdo pra explicar.

Foi procurar a garrafa de pinga debaixo do catre, estava pro meio, falou:
—Mexeram aqui!
—Num mexero não, Olinto: nóis semos raça de gente larga mesmo.
—Titico, acho melhor ocê ligar a luz, que nóis acaba brigando, virgem Nossa Senhora, crem deus padre, Deus me livre e guarde, credo!

Ruidos e voses estranhas principiaram de aparecer nos radios e no serviço de alto falante da PR Alegria, denuncias, cartas anônimas, denunciando o crime.A PR era no porão do bar do Leco, do Nelo Massa.Começou a sair no radio por um convenio com a radio rural do muzambinho. Um sanapismo.Estava de investigador querendo descobrir a trama toda, aquela aura de misterio,que envolvia a familia dos Peixoto de Albuquerque. Parecia existir um complô impedindo a descoberta das razões.Havia apenas fragmentos duma historia maior. De uma coisa fiquei certo:

você está querendo isso o quê? Num quer, num queira. Evinha todo serelepe e espelutiado, com aquele andar de tira o pé do balainho, bota o pé no jacazinho, meio pisando nos ovos quenem andré de sapato novo.

O brabo da Divisa era o Chiquito. O juca da pedra mandou matar ele. O Chiquito morto, com um prego na moleira da cabeça. foi pra casa embrulhado numa coberta com mais de duzentos furos de balas de fuzil. Um fazendeirinho bem intojado, ficou muito espaçoso com ele, fazia mil mesuras, jogando confeti pras suas bravatas. Moça, não entrava em quarto de homem naquele tempo. Aquilo era só rastro de onça. Acontece uma coisa dessas, leva o diabo tudo. Cabouclo tem cada uma! tem fundura e tem beirada. eu sou desassombrado pra essas coisas. Soluçando de dor.
Eu nem num comi milho cosido, eles puzeram os cachorros ni nóis. Parou de babar. Arruma um golo desse trem pra mim. Chega o reio. Olha a cor do homem. Se o coitado morrer agora, falar o quê pra quem.
O gado tinha sido louvado por desesseis arrobas.
Um palmo, dois quilates: um pepino e dois tomates.
E o cé uniu dois corações.
E aí eles arremeteram os dois cavaleiros como dois puchavantes na desabaleda carreira.
Segurando a barra da saia da mãe, o outro seguinte chorando, olhos vermelhos de marejado de lagrimas, escorrendo do diflusso permanente. Por sobre os beiços, dois riozinhos em carne viva, de ranho escorrendo, umas bolas semoventes, nos cantos da boca a boqueira constante. As maçãs com panos de pele sifiliticos.os cabelos que nem ninho de guacho, empastados de sujeira,no pescoço as dobras com marcas de sujeira . A casa exígua,dormem todos juntos como bichos, fazendo bobage.Eta povinho andejo feito boi zebu.Esses que vocês estão defendendo, tem muita gente boa, a gente não pode falar, mas o mais é gente malvada, que mata pra ver fazer careta.Gente encrenqueira que bate em criança, veve aos gritos, como animais, pior até. uma escadinha de filhos magrelos, do cabelo escorridoum no colo, outro puchado, o ranho formando aquela bola de ranho, que enche esvasia, consoante o choro e a respiração.Os olhos vermelhos, as mães nem liga, perdeu a esperança., nem um pingo.De blusinha e sem calça, a bunda de fora, joelho marcado de sujo,tudo cheio de pereva. Barrigudinhos de vermes de bosta de cachorro e mijacão, lombriga que umpõe e muita.Chorando, uma cantilena, latomia dos quintos.Zóio de remela, a mãe batendo de malvadesa, o deo no nariz tirando cotia.

Historias fantasticas:
De como um maltrapilho, em vestes rotas, de lida, se faz passar por elegante cavalheiro, as custas de muita astucia e argucias.
De como um louco com ares tronchos, dizendo palavras grandiloquentes,
dizendo palavras chãs, chulas, sandices, de grande efeito, se faz passar por sabio, de grandes conhecimentos, diante de embevecida platéia de beócios.
O que a vida carece é de mudanças.

Depois que o Jesué acertou na loteria, virou num sujeito muito sem vergonha, não saia do gato preto, famosa casa de tolerancia do Muzambinho, do baixo meretrício mesmo. Um dia a sua mulher dele foi atraz, muito disconfiada. Depois que quebrou o vidro do carro com o olho do machado, entrou na zona e ele evinha saindo abraçado do quarto com uma rapariga. Deu de cara com a esposa já dentro e um camarada engraçou com a mulher dele, querendo de abraçar ela por trais. Falou: Pelo amor de Deus, essa é minha mulher legítima, mãe dos meus filhos, não faz assim não, ela não é daqui. E o camarada:
—Olha aqui ó seu: Aqui não tem mulher de ninguem não,viu! o senhor por acauso é algum cafetão?

Já experimentou o Padre nosso? Isso como conselho pra o problema de criar filho, depois de velha. Referia se ao Padre que tinha engravidado a filha do Capitão.
Ela é de menor.
Num sei sô Chico: é muito que fuça ali, como que um vai adivinhar o dono da arte?
O Evaristo do Tio Rodolfo, Piê, Lameuzinho do canhão. Armaram o canhão do Geraldo Placidonio. Na varge do rio, na ponte estreita. O Emilio Calderoni.
Pro Chico Américo, muito surdo, esgratando uns matos do trabanda da cerca, chupava uma cana da roça:
—Como que está a cumadre, sô Chico? está meio aguada mas tou comendo assim mesmo.

Do Piê que tinha arranjado o dinheiro com o Nilto, dinheiro ganho na loteria, para eles formarem uma sociedade de fazer picadeira de cana:
—Pode arrumar as crianças, Sofia: que nois já pode viajar.
—Olha: se ovocês vim aqui pra falar mal de minha mulher, num carece vim: Vocês fica quieto, num deixa ela saber que eu sei um nada das trampolinagens e galinagens dela não, é capais que ela fica nervosa e não da certo.
—Está com dança de são guido, sô? alguma coréia?
Cavalo nafico, o quarto estragadomurchado por causode uma chifrada de boi araçá. Cavalo pombo por defeito genético de descendencia de pais parentes, daqueles que num enxerga de dia, um certo albino recessivo. Só viajeia de noite, o pelo branco, alvo, glabro, os olhos cor de rosa, a pele muito fina da cor de açafrão. Um boi Jaguanês, cego dum zóio, os outros traiçoeiro, queria pegar ele da banda cega. Jaguaraiva, passou a jaguanesa.
Cavalo com garrotilho.
Palavras e nomes:
Pombear, traficancia, bugigangas. O trem de pitar. Empacou, estirou e refugou.
Boi chamado semblante, malhado rochedo e barbatão.
Zarreio Cutiano e porta capela,Jereba, junco e Santo Antonio..

Um casal de gente, o marido meio louco. O marido tinha o apelido de chico e chegou dois boiadeiro pedindo pouso e janta.. Mas eles tinha um cachorro chamado tigre. Aí, quando foram deitar, ficaram com pensão do cachorro ser capais de ir s'imbora e o chico falou: fecha o cachorro no paió, se vaceis quizer. Fecharam e pousaram. No outro dia foram e soltaram o cachorro. Tomaram café, despediram e foram s'imbora. Quando foi bem mais tarde, chegou um, parecendo muito um dos boiadeiro. A mulher olhou da horta e pensou:Capais que eles vem perguntar do cachorro. Mas o homem chegou e perguntou: cadê o chico? mas a mulher entendeu cadê o tigre. disse: eu num sei não, desde a hora que que vocês soltaram ele do paió, eu num vi mais não.

Olha a vaca! num carece de assustar não, é a vaca do jogo de bicho.
Que bicho que você tem? tem cavalo inteiro? O Sô Carlinho tá precisando de cavalo inteiro, a folha toda, num é só um gasparino não.
—tenho uns par deles.

Um homem disacursuou da vida e pedia aos amigos de sepultar ele vivo. Foram indo. Fumo fono, e passaram perto da casa dum coronel que perguntou: Qualé que é esse defunto perguntando do enterro do defunto do homem que morreu.Nós num pode falar isso mas, fulano, sô ciclano e sô beltrano, disacursuou da vida, pediu pra enterrar ele vivo.
Fala pra ele que logo agora que eu ia dar um carro de café pra um começo de vida, que azar! O de dentro do caixão, levantou a tampa e peguntou: fala pra ele, se é limpo ou em coco?
—é em casca. Falou o Coronel.
—Pode seguir o enterro. Falou o que fingia de morto.

Os bois: malhado, brochado, marinheiro,segredo, semblante, chavante,dourado, canario, crioulo e brilhante. Fasta segredo que tou com medo! respondeu a mulher: venha maiado! se tivesse pedido já tinha ganhado. brinquinho.
Nome de vacas de leite:
Jarrinha, cachoeira,laranja, briosa, amorosa, lembrança.
as cor de boi: Araçá, baio, camurça, jaguanês, preto retinto, preto com luminecencias pardas, araçás estranhos, quatrolho, calçado,concolores, moiro de vermelho,pampa, estrelo,raiado,rajado, listrado, combuco, moxo de nascença, moxado, rabicó,azulego e murzel(mais pra cavalo),alazão, zaino, ruana, pinhã, queimada , preta retinta,burrinho estrelo, mula e burro de jumento e egua, e mulo, ou mu de cavalo e jumenta, ao contrario.

—sulera, sulera..., ricoa, ricoa...,: num fadiga, não. O defeito deve de ser no comburador. o rebentor da roda não está bom. pode que a gremalheira.


Tava num lugar duas mulheres. Uma com uma broa na mesa, pondo numa lata, e aí a outra , que não estava com a broa disse: Se o senhor for servido pode tirar uma. A outra: a saber: a broa.
Vai la em casa que minha mulher te dá, a saber: o dinheiro.

Uai, compadre, se foi la em casa e eu num tava, devia de ter mandado um bilhete. o Outro mandou uns garranchos: uma voltinha, depois subia , fazia varias voltas e chegava no lugar de partida. O primeiro: Uai compadre, num tou entendendo, que que vem a ser o fim disso? o outro:
—Você está suando de saber que eu num sei ler nem escrever. Fez questã do bilhete, pois tá aí, te explico o bilhete: Desci, arriei o cavalo, subi pra tua casa , dei umas voltas, vi que ocê num tava, voltei. É o que esta aí no bilhete, viu?
Tinha um homem que era muito negocista. Chamava tinga. por apelido. Aí então, foi um na casa dele pra molde um negocio, num achou, perdeu a viagem. Aí, voltando encontrou o outro no caminho, que perguntou: Naonde que ocê foi? eu fui na casa do tinga, o tinga num tava lá, perdi o requebrado. O outro: Quando que eu vou na casa do tinga, não perco a viajem, causo que o tinga num tando, a mulher do tinga tando, mesmo que o tinga num teje, é o mesmo que o tinga tá.
A historia da mulher que tinha medo de trovão e raio, enfiou a cabeça dentro do buraco do cupim e ficou esperando passar a chuva. Veio um cavaleiro e vendo aquela figura estrangolada, chegou e passou o ferro nela, Aí, ela gostou e disse: já tive muito medo de raio, mas se todo raio for gostoso como esse, que um raio me caia na cabeça: pode cair todo dia: eta corisco gostoso!
Eles estava conferenciando, quando um lojeiro que tem o costume de ir logo mostrando toda a mercadoria, falou: pro senhor, o preço é tanto. Daí o sô Zé do cinema:
—pra mim não, pra qualquer um. Quero saber o preço do balde. Se eu levar um atacadinho de dois, faz mais barato? Levou uma cossa, despropósito: enfiou a viola no saco.


Dizeres do Hélio tereza:
—Sulera, sulera, chigura... ricôa, ricôa: num fadiga não!
Fuge daí, sô: hoje você está de meia colher? ou ainda vai levar lavage pros porcos?
—Disgaia os cobres aí, vá! averdade seja dita.

UM POEMA VULGAR:

louco de amor quase um triste traste, repouso sobre o ter ser meu pobre peito
que horizontes divisam teus olhos misteriosos, tão vagos e distantes?
Porque relutas em não perceber meu vulto ignaro?

A triste e invulgar historia de um robô muito sofisticado de sentimentos quase humanos.

Acometido de mal súbito e duma crise existencial profunda, decide dar cabo a vida tão fugaz e provisoria. Vinha dfe uma geração de maquinas experimentais produzidas para experimentar reações de seres humanos em aparelhos de construção não específica.
E, num gesto de suprema ironia, ergue a vós metálica, tentando exprimir emoção: impossivel: " como pude ficar insensivel ao clamor dos que tem fome, devo ser um robô desnaturado.
Resolve encetar campanha " salve uma criança neste natal".
Se fazes por ignorancia, te perdoo. Mas se ousas... , como? isto já foi dito em ocasião mais importante, numa época que soava uma novidqde m mas aqui, desse jeito, parece desastrado: Deve estar acontecendo algo de errado com esta minha memória superior, sempre recorrente dessas lembranças. Seguramente devo estar sendo reprogramado para sentir esta coisa dos humanos, essa coisa esteril, esta compulsão de parecer bonzinho, muito por fora da minha real racionalidade.
Faça rir uma pobre princesa abandonada e malquista pela rainha mãe, malvada e obcecada pelo poder e pelo simbolo que representa para consolidação do reino britanico.
Farei deste posto, um sacerdócio na luta contra as perdas internacionais impostas por interesses alienígenas.
Vamos levantar meio milhão, mais meio milhão do BIRD, o sanguessuga, e da ONU inutil, (covil de agentes da CIA)
Faça rir uma criança, esperança de um porvir risonho e franco, amarelo cor de anil,
É quando se faz sentir no peito heróica pancada, e cansado de tanto ver triunfar as nulidades, saca da pistola e dá um tiro na cabeça da dita cuja, enoja do com a frieza dos abutres que só fazem adelgaçar tecido social, maculado com esta nova ignomínia. Resoluto em lutar pelas conquistas sociais, o menino maluquinho, vendo ceifadas pela misérias sociais, preciosas vidas, resolve lançar a cultura da broa de milho, genuina e nacional de verdade, não como estas manifestações extrangeiras que nada tem a ver com nossas tradições, nossa memória, em salvação de nossas mais caras tradições, a nível deste país.
Lança a cmpanha " Reaje Rio", onde se apresentaram os mais lídimos representantes de nossa esquerda responsavel. Não se deixe abater pela indiferença, a violencia será combatida com nosso sangue, violencia que invade o mais recondito sacrossante de nossos lares com teorias diversionistas. Há que apor-se um basta nesta triste situação de miseria humana.
Mas a violencia, que sútil e insolente figura, monstro de mil cabeças, entidade mistica e abstrata, hidra mitológica, essa bruxa má esse monstro que a todos devora?
Veste arquiteto das mil construções modernas a sua camiseta, contra a fome, que se fosse o joão Soares, soaria ridículo. " A fome é maior violencia".
Depois vamos esfolar os ricos incautos, encantados com nossa visão popular da arte, tão diferente dessas construções.
enxovalhado com a crise que assola o país, decide dar um significado outro pra vida. Dedicar-se aos outros.Entrou para uma ong qualquer e alí garantiu a subsistencia com um salario digno. Entrou de soal na campanha "salve um pobre cachorrro abandonado ou o troque por uma criança pobre. Fique indignado com as injustiças, a má distribuição de renda que reduz massas a condições subhumanas.
é preciso resgatar a cidadania neste país, valorizar a vida no seu sentido mais amplo e a nivel dos outros paises. conscientização é a palavra chave de cooptar todos a causa comum ddos despossuidos, os marginalizados da vida. Ferido no seu amago patriótico brada aos ceus: Deus, ó Deus que è a vida. Que significado tem se não a dedicamos aos ultimos da fila, os pobres doentes e desvalidos.
Homem afeito aos gestos grandiosos, às grandes causas da humanidade, sentia se no dever salvacionista, como que pesando sobre os seus ombros a imensa responsabilidade de salvar o mundo, dos males, das injustiças, dos riscos. Não um ser comum, avarento, que se pensa no dinheiro, mas um homem de atitudes superlativas, enobrecedoras. Recolhido aos seus afazeres diarios mal podia conter no peito aquela furia de indignação contra os inimigos do povo, aquele fremito de furor uterino, fundamentalista, resgatando valores e memoria de tudo que é caro, a natureza, sua harmonia dentro do simples, a indignação justa por tudo que é sagrado. Brilhou no céu da patria uma estrela solitaria. De ver raiar a liberdade nos céus da patria.
Sempre haverá aqueles sanguessugas do povo, aqueles que só interessam por aumentar seus lucros, ilaqueadores da fé pública, manipuladores de ilusão, alienantes, desviando o povo de seus verdadeiros objetivos.
inconformada com a onda de assaltos, sequestros, prostituição de menores e meninas prostitutas, o povo se organiza em passeatas. Como nos velhos tempos das diretas, do impechment do presidente, da CPI do orçamentos, os cara pintadas voltam as ruasem blocos ruidosos. As mesmas figuras batidas do Herbert de Souza, o Betinho; o arquiteto Oscar Niemeier, com camiseta ridicula contra a fome, não dele é claro, nem do Jô Soares, que soaria ridiculo tambem,etc. As velhas palavras de ordem, os slogans, os discursos no indeterminativo. Frases sem sujeito, imperativas, mas, não se sabem bem contra quem, contra um inimigo abstrato, qual bruxa, fada má, invisivel:
Urge colocar um paradeiro nessa onda de assaltos e sequestros, esses atentados a dignidade da pessoa humana (quem sabe tambem contra a pessoa animal), aos direitos mais elementares da pessoa, aos direitos humanos e animais. Há que se resgatar a cidadania e valorizar a vida no seu sentido mais amplo, conscientizar o povo oprimido de seus direitos, dos despossuidos, dos menos favorecidos. Velhos padres, profissionais do ressentimento, dos movimentos políticos, a frente, com declararações candentes, um clima de copa do mundo, de festejos em meio a miséria, gente de maucarater, posando de bom-mocismo. Sempre os mesmos, a cata de popularidade, perdidas as principais bandeiras de concitação a reclamação irresponsavel. Mal propõe o governo as reformas destinadas a reduzir os gastos do tezouro, como redução do pessoal que superlotam as repartições publicas de estados e municipios, la vem os defensores dos funcionarios, fazendo corpo mole ou exigindo outros compensações para se tornarem a favor das mudanças que nunca ocorrem, ou ocorrem apenas no papel, as leis, ficando para posterior regulamentação por um congresso corruto.
Mal o ministro Pelé ameaçou de dizer que politico era sinonimo de corrupto, cairam de pau em cima do coitado, igualzinho da outra vez que disse uma verdade: o povo não sabe votar.
Não sabe mesmo. Só sabe reclamar, ressentido que alguns tenham se saido razoavel nos negocios, e enriquecido. Mas ninguem gosta de ouvir falar de alguns bem sucedidos, que logo jogam a culpa neles, como responsaveis pelas roubalheiras, como se o Zé Povinho não gostasse duma malandragem, dos furtos, das emvergonhices, como se fossem uns santos, bonzinhos. Pode estar certo que os sequestradores vieram desses bonzinhos que eles tanto defendem. Por isso que as frases tenham que estas no plural, indeterminadas como forças ocultas ou forças estranhas.
Derrubaram um presidente eleito pelo mesmo povo, que vinha tentando fazer as reformas, abrindo o país aos investimentos extrangeiros, acabando com o protecionismo a informática, chamando de carroças os carros nacionais, no que estava coberto de razão. Pois bem, até hoje ninguem sabe concretamente porque foi deposto, nem porque não foram condenados seus auxiliares. Procederam igualzinho aos regimess militares que eles tanto reprovam: julgamentos sumarios, sem direito de contestação ou contraditório. logo em seguida vieram outros, agora comprometendo os detentores novos do poder, que foram arrastados pela onda moralista que tomou conta dos governos. Até o atual, votado pelo povo com maioria expressiva, sem segundo turno, agora é vitima da mesma armadilha que derrubou os anteriores. Até onde vai essa onda de ressentimentos contra os emprezarios.
Quando uma multinacional anuncia investimentos em nova fabrica, todos brigam por ser sede da nova fabrica: mandam até rezar missa para ajudar como escolhidos. Pois bem: mal se instalam, chegam os defensores de natureza e ecologia e outros babados, iniciam processos de aporrinhação contra os chamados monstros internacionais responsaveis pelas famosas perdas interncionias de dinheiro e soberania. Dizem que pagam mal os funcionarios, fazem greves, paralizam o trabalho nem se lembrando que um dia brigaram por elas.
Contra o serviço das estatais, nenhuma greve ou reclamação, estão contentes. São fontes de emprego. De greve, nem falam, nem adianta fazer, que vai acabar revelando a desnecessidade ou a completa falta de meios e comodos pra abrigar os funcionarios que porventura compareçam ao trabalho. Sempre fui um cidadão conscio de meus deveres, um homem de principios humanitarios esolidario com o sofrimentos dos mais humildes e com as causas populares, mas assim dito no plural indeterminativo, não se precisando bem o que quer realmente dizer estas causas. Vou vendendo minhas canções de protestos, meus quadros abstratos, meu humor de ressentimentos e bebendo tranquilo meu whiskie com caviar, sentado em ocio com dignitatem, em mesas de inteletuais baratos. Nada a ver com a responsabilidade de produzir, de enfrentar o batente duro dos bancos, de tocar uma pequena empreza, ou um negocio rural quase insoluvel.
Vou vendendo meus quadros modernos que retratam a escravidão do trabalho abjeto, de crianças e velhos sem carteira assinada. Fazendo discursos e planos de justiça social, conquistas sociais e outros babados.
esses movimentos tem apoio dos bicheiros e mafiosos, que assim se resguardam da concorrencia. Quanto mais combate ao tráfico melhor, isto é combate ao trafico ineficiente e não profissional que barateia os serviços dos melhores.
Qual é essa violencia ente abstrato, sem uma face definida? serão por acaso os poderosos, se for , a eles vamos dar um combate sem tréguas. Resultado: quanto mais são combatidos, mais cara fica a proteção, mais dificil se torna a obtenção da droga para alimentar o vicio, que é essencialmente de classe média, aos pobres ficando a maconha, que poderia ter o consumo descriminalizado, sem grandes prejuizos.
Jamais abandonaremos a trincheira de lutas sociais, por uma melhor distribuição de rendas neste país, a nível de brasil.

dizerzinho banal de filosofia de capiau:
A vida começa e termina igual, mas, enquanto dura, sempre é uma surpreza, o meio sendo cheio de acertos e erros de pouca importancia, e a gente vai vivendo fluteado como Deus é servido: viver a gente véve, mais é por não ter uma escolha que compense ou que se conheça.
Intimidade, é essencialmente um silencio preenchido com subentendidos. Há talvez rancores subterraneos subentendidos. Mas ao menos, a intimidade descansa.

-Razora de doido sô! Ô trem arcado!
Sai mais em conta eu ir s'imbora duma vez.
-Dever dinheiro é uma coisa, obrigação é outra. Dever pode ser bom e as veses pode trazer rendimento: os dias passa enchendo linguiça, duro é as noites.

-Um garatujo qualquer, feio como só: catadura de imbecil, prognata com cranio de primata.
-Os asnos, as mulas, os mulos, as bestas: cavalgaduras infecundas.
- Deus do céu: mas eu gosto dela um tanto! prova é que estou apaixonado sem remissão, ora bolas.
-Isso, ninguem me tira da cabeça: quer fazer, faça, você é que sabe!. Depois não me vá dizer que num avisei. Quanto ao sumariado, digo: não é da sua alçada nem da sua conta. Proezas. Um desmanzelo. Um desacorsuamento de tudo.
-A massa disforme, corpo estatelado, descomposto, inatural: perturbador boneco de pano. Por sobre o corpo, permanecido a espera dos tramites burocráticos, a estampa das manchetes do próprio acontecido: "motoqueiro morto, por excesso de velocidade, um nordestino a mais que acaba na cidade grande".