Comemos feito animais domésticos, os restos, ruidosamente, aos nacos, engolidos mecanicamente e automaticos sem o nenhum respeito pela hora sagrada, sem oração de precedimento, sem rezas, como uzdo antigamente nas casas de familia, a hora de comer um acontecimento impolgante cheio de significado. Um ato solene, cheio de circunstancias do momento de encontro e respeito: um ato de vida. Comia-se? ... não! muito mais que isso, um momento sublime de repasto do espírito, de contrição e respeito pela vida. Fazia-se a refeição com respeito ao ato solene de comer e gostar do que estava se fazendo, com rezas e agradecimentos. Lembro meu velho pai, imperial e majestoso na cabeceira da mesa: levava horas, naquele prazer dispendioso, macetando, espremendo e compondo aquilo do gosto, aos pequenos goles e sorvos, uma demora planejada.