Solteirão inveterado, embirrado, tirava leite dumas vaquinhas magricelas, os bezerros tambem magruços, tal e qual, do pouco leite deixado, mais por misereza do dono, um unha de fome. Do leite, fazia queijo pra vender na cidade: só que nos fins de semana, quase não aparecia, de tão sistemático. A restea, vivia reclamando das despezas: umas mingueras, constando até, que passava mal de boca. As roupas surradas e vestida sem passar a ferra de brasa, lavava num quarador com tabua de batedor num corguinho do fundo de casa perto duma mina d´agua. O sabão de pedra, preto de bola enrolada em palha de milho, ele mesmo fazia de dequadra de cinza de fogão e gordura rançosa de porco e os restos de pacuera, miudos e tripas de porco, sobrados da espremeção de toicinho. As carnes, conservava por semanas na gordura talhada, fritas e costuradas com linha. Fazia linguiça e chouriços de sangue de porco. Do leite desnatado em desnatadeira Alfa-Laval, extraia o creme para o fornecimento semanal a fabica do Bergander, das sobras, a manteiga batida em corote de madeira. O soro corria por uma bica, direto pro chiqueiro, onde chafurdavam uns poucos porcos tratados a lavagem e bosta dele próprio, de tão miseravel. Uma cordinha de gatos, bebia o soro até se fartar, os quatro pés apoiados nos dois lados da bica.