segunda-feira, 17 de setembro de 2018


Deu de encasquetar com numeros místicos. Duma veis ficou tempos mancado com o nove e o seis. Acontece que escrevia tanto que as veses saia de cabeça pra baixo mesmo, pra aproveitar espaço no borrador. O seis virava nove e vice versa. Imaginou um brinquedinho: com um prego fixou uma regua na parede. Num canto prendeu um nove, riscado no papelão, no outro um seis, girava. O nove virava seis a cada meia volta, e o seis, nove. Mostrava radiante da, descoberta, a maquininha de moto perpétuo. —Olha gentes: o moto contínuo! e imprimia um embalo no movimento giratorio na regua. Explicava: o nove é maior, pesa mais. Quando chega em cima vira seis, e o seis vira num nove. Num para. Vivia caçando maquinas impossiveis, motores tocados per geradores acoplados que acionavam os proprios motores, num giro infinito sem gastar enenrgia. Achava que se esforçasse acabava descobrindo o moto perpétuo. O único numero pequeno que gostava era o zero, para exprimir importancias grandes depois do ultimo. —Vigia só a minha riqueza incalculavel: novecentos e noventa e nove, noves fora, nada! errado: principia de novo... —Zero, zero, zero..., zero cento e zerenta e zero, que bonito! mas isso não é numero, são apenas declarações de vazio: nulidades, nulidades, são ocos de pau, olhos de bicho no escuro, no mato. Agora eram reticencias, depois pontos, monotonamente. —Agora estou rico, ninguem vai poder comigo! quero ver quem a cara dos Magalhães! tira, vá..., tira o meu cartório, se vocês tem competencia. De primeiro, eram quebra-cabeças. Ficava horas e horas até altas horas rabiscando folhas e folhas dos cadernos das crianças, na busca de problemas impossiveis: tres casinha, alimentadas de luz agua e telefone, não podia cruzar os riscos. Ia tudo muito bem até faltar uma ligação, ficava louco, começa de novo. Diacho! Depois foi a teima com os numeros da loteria. Imaginava um segredo, pra cercar o rtesultado, jogando uma quantidade de numeros chave, atravé de combinações adequadas . —Paciencia que vai dar certo! com isso imaginando que poderia aumentar a probabilidade de ganhar no jogo. Não que imaginase certeza plena, absoluta, que era louco, mas nem tanto. Sua inteligencia ainda funcionava, sabia a certeza impossível. Mas acreditava que tanto mais pensasse, mais enchese resmas e resmas de papel com cálculos mais aumentava a probabilidade: uma extranha relação de causa e efeito processando dentro de sua cabeça alucinada. Mais dia menos dia acabava acertando.