segunda-feira, 17 de setembro de 2018

NÃO ERA VELHO, NEM MOÇO


Não era velho nem moço: miseravel de passar mal de boca, desses que comem bastante no almoço, pra se esquecer do jantar. Nem se podia dizer que era velho de tudo: no dizer de todo mundo, uma pessoa entrada em anos, de meia idade, com muitos janeiros as costas e um ar de poucos amigos. Na feição magra, um ar de tristeza permanente, mas não reclamista da vida. Na cara magra, um papo insolente, inconfundivel, impossivel de um não não perceber o corpo estranho no primeiro relance: depois disfarça. Mas desses de bolinha, semovente, que sacode quando a pessoa proseia.