Os treis valentões
Fatos de pavoroso suceder, se de tudo verdadeiros como o povo contam, se deram de acontecer naquele triste 15 de Maio de 1932. Contados assim nesses claros de dia mais comum, uns vão desconjurar, nenhum ninguem vai poder de imagimar o triste que foi igual. Não eram dias próprios de tristeza nem azarados, senão que dias de festa e comemoração da padroeira. A família do Bié Romão tudo reunida para as festas de Reis e do Divino. Ocasião propícia pra fazer pamonha de milho temporão. As roças tudo embonecadas pra soltar pendão o capim gordura emborrachando pra soltar semente, promessa de muito namoro e casamento. Os bailes da roça. Os terços. As cavalhadas. Os preparativos para os dias de festança, a fazenda esperando a chegada dum mundão de gente.
Homens em cavalhadas de arreios reluzentes, machetados, os peitorais de argola, estribos, rabichos, baldranas pelegos e colchonilhos. As mulheres, se moças em ricas montarias completas seus cavalos educados. As velhas nos siliões, de atravessadas a meio animal. Todos de roupa de domingo. Alguns de carro de boi e charretes. os mais de perto de a pé, gente de colonia.
Eles era em treis: Godofredo, Gratistonho e Jefe, o terror da vizinhança. Por onde que andavam, o frégi estava armado. Nas festas, uns zanga-sabão, terminava com qualquer dança de baile.
O Godofredo era um grandalhão de cara de cavalo, estabanado, ruim feito cobra. A cara quadrada, equina, mesmo muar, mais mau deles tudo. O Jefe, pequeno e traiçoeiro, mas tinhoso. O melhor deles, e ainda num era grande coisa nem flor que se cheire, era o Gratistonho, que teve tosse comprida em criança, por isso que mais molenga e chorão, veio a morrer de chifrada de boi. O godofredo quem matou foi o Tiãozinho boca de bagre, um tipinho sem origem: gentalha. Quem matou o Jefe foi o Fernandi, do tião siqueira, o mentecapto. mais isso foi faz muito tempo, depois de feita muita arruaça e malvadeza. Eles era gente dos Beijo, duns tais de tumaizinhos, danados de velhacos, breganhistas de animais, como ciganos, viviam no Cachapava, tudo de lá, descendentes de Pinducas. Vivia de déu em déu, ao Deus dará, sempre em apoio de cavalhadas, em colondria de vadiagem enquanto que caçavam jeito dalgum sururu, procurando encrenca, uns tiradores de ponta, mal-encarados, doidos por principiar uma malquerença, chegados numa briga de faca.