quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Caído na esparrela do Alziro.


Tres horas dum domingo sonolento, o sol de rebentar mamono, a rua da corrutela vazia de vivalmas. O Jorge braite, na sua indumentaria antiquada, é que fazia discretamente o serviço da entrega daqueles envelopes de tarja preta, amunciando velórios. Convidava cortesmente, como manda o figurino e a ocasião, o povo pros funerais do coronel. No cemitério, dava pra escutar as moscas da barriga verde azulada, voejando as varejeiras pelas frestas do chão, um cheiro de sepulcro, odores estranhos. Nem um movimento, como sóe, só tilintar, das placas dos mortos indigentes, um ruido de silencios comovedores. Só o Redemunho, o povo recolhido as suas casas, entregue aos seus afazerezinhos diarios, do banal da vida de interior. Aquele, um lugar de muito misterio, um descampado dum espigão pedregoso, atravessando por grandes salões de florestas encantadas, lugares cheios de dignidade e misterios.um cheiro de mato fresco dos restos sarapilheira do chão macio da floresta, coberta de musgos bromelias e gravatás. Da onça, não restava mais que sua dignidade de bicho fera, exposta ao povo, humilhada, amarrados seus pares de pés, conduzida por dois pinducas espertos, em ombros, o pau deatravessad, vergava ao peso de sua dignidade. Avaliavam tamanhos e pelos. Mediam e calculavam o couro, puchada pelos bigodes, ainda mostrava ferocidade pelas presas a mostra. na hora de internar o Alziro se adiantou, conhecedor profundo dos assuntos burocráticos de manicômio, sussurando nos ouvidos do enfermeiro, as mãos em concha segredando: -O louco pra internar é aquele magrinho no banco de trais, vê só a cara de triste do homem, deu pra inventar da cabeça dele, que todos estão loucos. Na certa vai dizer que o louco sou eu: não dá trela não, que é muito ladino, apesar de doido. Não dá confiança pras prosas dele não, que vai d9zer e jurar de pés juntos que sou eu o louco pra internar. O Totó ficou, não obstante o escarcéu: mais ele explicava, mais se confundia na pressa de fazer os guardas entenderem. O Totó esse, foi amanecer na fazenda do Fundão. Torou a pé mesmo, de Poços de Caldas, o chofer ficando incumbido de levar a notícia pro Galdino, irmão do tal. Mas, o Galdino disconfiou da mão: -Peraí, escuta uma coisa: qual que vocês internaram? foi o gordão, ou foi o magrinho? já estou dando pela coisa: Cadê o Alziro? -Quem ficou lá foi o magrinho, o serelepe. Nunca num imaginava que ele sesse louco. Falou o Ricardo , meio sem graça, de saber ter caído na esparrela do Alziro. -Agora, é que azangou a boca da égua! Vocês vão ter de voltar, pra aprender a não serem trouxas: cairam feito uns patos, o Alziro deu o quinau noceis tudo, cambada de bobos! Uma chuva fina, ridica de tudo, vasqueira: temporona. O maior trabalho que deu juntar a colondria de loucos. UM lavarinto na cabeça, uma latomia, os moleques azucrinando a idéis dos coitados, em antes de principiar a viagem. -Contudo as peripécias, ainda saimos cavaleiros, cabeceira de tudo. Acalmava o Adejalma. -Pança de angu, largato escadeirado! sai daí, bunda de marimbondo! O Gordurinha reminando com os moleques, o Sinésio, exortando os loucos com seu discurso barroco: -Cartas são papéis, palavras levam o vento.Sai da frente, espelho de tripa, sai do caminho, jacá de toicinho!Mas o Totó não era louco nem nada, senão que um senhor aprumadinho, meio prosaico de antigo, mas de avançada idade, meio achacado de antigos incômodos, como se diz: meio entrado em anos, com seus muitos janeiros às costas. Outrora encontradiço, agora levando um sumiço grande. Rotundo e sorumbático, meio soturno e distante, pontificava nas esquinas, nas farmacias e portas de venda, num discurso agressivo, depois das quantas, fatalista. Esperançava. Falando sempre do progresso: positivista. Principiou de cair os dentes, depois eveio uma cirutgia de calculos renais, e vesicula biliar, os seus diverticulos e eos incomodos daidade avançada, macacoas, ovas e lumbago. Artrites e esporões. As veias das pernas entupidas, produzia um caminhar claudicante, medidos os pequenos passos, vacilante, meio marcando o compasso. Cabeça erguida, numa postura automática de cuco de relógio, forçada pra aparentar equilibrio, pontual, rigido em escesso. O terninho de brim caqui, cheio de bolsos como um soldado, corretissimo, um libré de culete, com relogio Roskof Patent,, correntinha de ouro trespassante, o palitosinho juso e de botinas de cordão: um bonequinho de de relogio de caixinha de musica. Aprumadinho tdo todo,, muito prosaico de antigo. Um senhorzinho de meia idade, quase um sexagenario,um pouso opinioso : deu pra manicar com horas, exibindo o relogio sem precisar de necessidade. Tambem preocupado com o tempo fisico, falando de sol e céu, de seca e chuva. Comentava os novos incômodos: sua propriedade privada dele. Sentia ainda alguma vibração: sonhava com amores carnais impossiveis, improvaveis naquela avançada idade. Podia se dize: decrépito.Uma profunda intimidade com remedios, receitava: garrafadas e os chá milagrosos, pra levantar o moral viril do homem, encasquetou com isso. Ficou solene e saudoso. O raciocinio lennto e lerdo, os esquecimentos bêstas. A tudo, questionava monotonamente: Ahn! os tropeços da idade.