Os dizeres do João da canela grossa.
O homem, ele é muito especula, gosta de saber coisas , vive assuntando coisas que não está na sua competencia dele de saber. Não tem nada de perguntar. Amanhece, ele lava a cara, de noite lava o pé e dorme. Come, dorme e faz as suas necessidades, só isso que cabe fazer, mais nada. Gosto quando chega de tarde e acaba o dia: sento neste cocho emborcado que você está vendo acolá, aparo as unhas a canivete com paciencia, que o homem nestes ermos de grota escondida, sem mulher vivente por perto, ele tem de ser asseado senão acaba virando bicho. Faço a barba de navalha só nos dias de ir na missa e levar manguara de frango pra vender no comercio. Volto e gosto de ficar sozinho, sem nenhum ninguem pra ficar perguntando das coisas da vida pra única resposta possivel: a vida, ara a vida! são só umas alegriazinhas a-toa. A vida é que nem uma peninha branca avoando ao sabor do vento, feito borboleta no seu passo vacilante e sem destino. Vai pra onde leva o vento. Não adianta excogitar muito, que se a gente pertence a uma bacia, está preso às circunstancias desta bacia, sem ter nada pra fazer de diferente a não ser ajudar as coisas a acontecer dum modo que seja a favor, o resto é só prosa de cigana. Tem gente que pensa que cigana lê a sote, lê a mão da gente, mas a cigana lê é a cara da gente. Pelas rggas e comissuras da cara é que a cigana vê dentro da gente, os olhos vazando os nossos segredos e sofrimentos.
O Homem passa a vida fazendo besteira:coisa a-toa, acaba numa existencia silenciosa, conformada. Peleja e luta, enfrenta os perigos e desafia a morte, pra depois, o tempo vencendo, virar num traste velho, sem serventia pra nada. No fim, se lerdiar, é só terra na cabeça do bicho.
Quem tem dó de angu, não cria cachorro. Num paga a pena desperdiçar vela com defunto ruim.
" o Homem troca a vida pela luta, longos anos de trabalho. Cresce em força e ilusões trilhando por um caminho de sonhos e de pedra. Depois de velho, socega e enfurna. Fica sistemático, antigo e opinioso: sorumbático. Acaba numa existencia de esperança silenciosa e conformada. Pois o Homem fica velho, mas é por amor de suas próprias opiniões dele. Mas, quem vai dar fé em opinião velho? aí então ele fica triste e apaixonado de num ver suas regras acatadas. Mais velho fica. Não significa mais nada: um zero a esquerda. Vira num incômodo pra familia, jogado num canto esquecido, um traste velho sem serventia pra nada. O Homem velho, se ele fala: o povo não escuta, eles acha o assunto desbotado. Então ele acha melhor se calar. E se encolhe: vira carta fora do baralho. O Homem se apaixona, se afasta prum canto triste. Fica velho e repetitivo. Autoritario, pelo amor se suas próprias opiniões dele. E quem vai dar acordo em conversa de velho? Aí é que emburra. a vida dum velho é só dor e sofrimento. todos candidatos a sofrer.