quinta-feira, 21 de setembro de 2017

centenares de noves, novenares de novilhões


E faz e acontece,que as pressões estavam aumentando: estava em jogo o prestígio dos coronéis.Algo tinha de ser feito pra por um paradeiro na petulancia do Jesué. De nada adiantava as picuinhas, a todos ele vencia com sua perspicacia, um jogo de muita astucia e paciencia. Foi ficando isolado, os chefes fazendo intriga, mexendo os pauzinhos no estadual e no federal, donde dependia sua remoção. Foi baixo! o Jesué um espinho, abalava o prestigio dos Coronéis. Dizia: —Daqui num saio nem a poder de reza brava, nem a muque: só morto e carregado. De conversa muito placiano, tinha lá suas simpatias: manso, de gestos maneiros, tinha um sesso de rir pra dentro, em grunhidos de porco, e chupar os dentes assoviando, a boca entreaberta. Quando assim, podia contar(saber): estava ruminando alguma idéia ruim dentro da cabeça la dele, os gestos impacientes, denunciadores duma posição defensiva, de fera acuada. Era aí, aonde que revelava o genio ruim dos figueiredos, teimoso como uma mula estirada, brabos como eles, nunca que num enjeitava uma parada. Por pior que fosse o frégi, escorava. Tinha a valentia e o dilurimento dos Figueiredos da Divisa. No entanto a cor de cobre escuro, era parente por parte de mãe, do povo dos Vieira, gente do Custodinho do Campestre. Era desses uns que evinha parte da proteção politica, pra se defender das intrigas dos Coronéis, do Major e o seu filho dele, o Dr filadelfo, do povo dos Ornelas e dos Magalhães, tudo gente coleada pra tirar as suas garantias . Andava coleado com esse povo do engenho de açucar, Coronéis tambem de despropósito de riquezas e prestigio. Pois foi dessas implicancia e de um fato muito singular que principiaram de aparecer os primeiros sinais de fraqueza de idéia, que acabaria levando o Jesué pro Hospicio de Itapira, trancafiado: Principiou de interessar pelo jogo de loterias. Primeiro foi aquela fixação com números: enchia resmas de papel com numeros minusculos representando probabilidades, formando ternos e quadras, procurando de cercar o milhar. Depois passando a limpo no livro comprido de assentamento de conta de armazem, uma espécie de borrador. Os numros foram crescendo a medida que foram crescendo as certezas, tanto no tamanho da escrita quanto no valor próprio representado. Megalomanias: grandes garranchos enormes de noves, oitos e setes. Nos muros, rabiscados a gis, e carvão. Numeros maximos, de muitos algarismos, de muitos noves seguidos: —Novecentos e noventa e nove milhões de milhares, centenares de noves, novenares de novilhões de contos de réis. Agora virei num milionario, novelhonario. A milhar está cercada, vou tirar a sorte grande. Deu de encasquetar com numeros místicos. Duma veis ficou tempos mancado com o nove e o seis. Acontece que escrevia tanto que as veses saia de cabeça pra baixo mesmo, pra aproveitar espaço no borrador. O seis virava nove e vice versa. Imaginou um brinquedinho: com um prego fixou uma regua na parede. Num canto prendeu um nove, riscado no papelão, no outro um seis, girava. O nove virava seis a cada meia volta, e o seis, nove. Mostrava radiante da, descoberta, a maquininha de moto perpétuo. —Olha gentes: o moto contínuo! e imprimia um embalo no movimento giratorio na regua. Explicava: o nove é maior, pesa mais. Quando chega em cima vira seis, e o seis vira num nove. Num para. Vivia caçando maquinas impossiveis, motores tocados per geradores acoplados que acionavam os proprios motores, num giro infinito sem gastar enenrgia. Achava que se esforçasse acabava descobrindo o moto perpétuo. O único numero pequeno que gostava era o zero, para exprimir importancias grandes depois do ultimo. —Vigia só a minha riqueza incalculavel: novecentos e noventa e nove, noves fora, nada! errado: principia de novo... —Zero, zero, zero..., zero cento e zerenta e zero, que bonito! mas isso não é numero, são apenas declarações de vazio: nulidades, nulidades, são ocos de pau, olhos de bicho no escuro, no mato. Agora eram reticencias, depois pontos, monotonamente. —Agora estou rico, ninguem vai poder comigo! quero ver quem a cara dos Magalhães! tira, vá..., tira o meu cartório, se vocês tem competencia. De primeiro, eram quebra-cabeças. Ficava horas e horas até altas horas rabiscando folhas e folhas dos cadernos das crianças, na busca de problemas impossiveis: tres casinha, alimentadas de luz agua e telefone, não podia cruzar os riscos. Ia tudo muito bem até faltar uma ligação, ficava louco, começa de novo. Diacho! Depois foi a teima com os numeros da loteria. Imaginava um segredo, pra cercar o rtesultado, jogando uma quantidade de numeros chave, atravé de combinações adequadas . —Paciencia que vai dar certo! com isso imaginando que poderia aumentar a probabilidade de ganhar no jogo. Não que imaginase certeza plena, absoluta, que era louco, mas nem tanto. Sua inteligencia ainda funcionava, sabia a certeza impossível. Mas acreditava que tanto mais pensasse, mais enchese resmas e resmas de papel com cálculos mais aumentava a probabilidade: uma extranha relação de causa e efeito processando dentro de sua cabeça alucinada. Mais dia menos dia acabava acertando. Inventava a maquina do tempo. Dirigia veiculos imaginarios. O Tonho do Dorico mandou eu fazer a conta dos balaios que cabe numa carreta cheia de milho. O sonho, ele é um pensamento separado, de outra parte da cabeça.