quinta-feira, 21 de setembro de 2017

ROMÃOZINHP - O SOLTEIRÃO


Companheira nenhuma pro aconchego dos ossos: dormia com uma cabrita. Mas era resistente, no cerne, o tempo não vencendo a sua magreza: jamais ficava doente de nenhum incômodo: apenas o pigarro duma bronquite crônica, resultado de longos anos do uso de pito de barro. Mas fazia presença, com seu cavanhaque de rabo de milho. Era independente, num tinha ninguem por ele, nem carecia de favor de extranho. Magro, mas impoluto, sistemático até o âmago, autoritario, quase absoluto. O que tinha pra dizer: não deixava a batata assar, não ensaiava pra dizer desaforos: falava alto pra todo mundo escutar, não tinha papas na língua. Não gostava de levar desaforos pra casa, nem de comer nada amanhecido. Não pedia a ninguem de gostar da pessoa dele: era único, impar, digno, na sua misereza dele. Seguro ao extremo, avarento: tinha dinheiro a juros. Mas apenas um homem na sua condição: integro. Serviçal ao extremo, mas do jeito dele: áspero.