quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Nóis é que semos raça de gente larga mesmo


O CASÓRIO E foi então que se deu, já meio maduro, o casamento do Chedasvinto. Tinha de assentar o juízo da idéia, o Chedasvinto meio chegado numa cachacinha, vivia só de pagodeira e narquiada: um dia ele tinha que tomar juízo e assentar a cabeça, o compadre sempre aconselhando. Chegado o dia do casório, o chedasvinto encheu uma garrafinha de pinga e deixou debaixo da cama do casal, causo tivesse precisão de coragem na hora do vamos ver. Nem bem terminada a cerimônia, o casal dos dois já foram pra casa do sogro, como era costume naquele tempo. Claro que foram dormir cedo, a sogra vigilante ficando de espreita, os ouvidos colados na porta do quarto do casal deles dois. Antes mesmo de tirar a roupa de festa, aquela coisa custosa de desvestir o vestido de noiva, o Chedasvinto, pra ganhar confiança, aproveitou do momento e levou a mão por baixo cama a procura da garrafa de pinga. Vendo que estava pela metade, bradou furioso: —Uai gente! Mexeram aqui! como que pode? —Calma Chedasvinto!... Nenhum ninguém não mexeu nada não: nóis é que semos raça de gente larga mesmo, não preocupa não.